13/08/2012

Sobre abandono.

"Depois o cara leva chifre e não sabe o porquê". Escutar isso de um desconhecido qualquer e tomar pra sua vida como verdade parece quase impossível, mas quando o coração dói, magoado, não existem razões ou explicações para o desejo ardente do coração de vingar, seja a traição, seja a falta de amor, ou o aparente, ou completo, abandono. Em dias amargos ou cinzas não queremos ficar sós, esquecidos. Tudo o que desejamos é um abraço apertado e um colo para dormir. Porém, quando isso nos é negado surgem em nós medos passados, inseguranças latentes, fraquezas enterradas... Tudo medo. Medo da solidão. E no fim das contas já estamos sós mesmo. Abandonados. Sei que sou dramática e aumento 50% as dimensão das coisas, mas essa é a forma como eu sei sentir. Sinto mundo de forma dilatada, fora do habitual. Só digo que estou aqui agora. Ainda estou. Mas os presentes estão guardados em uma lata, como faço com tudo o que guardo de recordação. Acontece que recordações existem no plano do passado. Ninguém se recorda do agora, nem do amanhã, pois não sabe o que virá. Só nos recordamos do passado. Então, de certa forma, na lata decorada, já coloquei os nossas dias, o nosso hoje e o nosso "um dia" nas eternas memórias dos momentos inesquecíveis. Então, atenção ao chegar em casa, colocar a chave na porta e girar o trinco. Atente-se ao ser despir, ao ligar o chuveiro e ao deitar-se na cama e entrar em seu profundo sono de criança. Pode ser a última vez que o faz com a certeza de que estarei ao seu lado quando o sol nascer. Gostaria que percebesse o quanto você precisa de mim e o quanto realmente eu sou importante pra você, antes que eu te encontrasse em uma mesa qualquer ou na minha sala de estar e te dissesse o quanto eu sinto por você já não ser o mesmo e por eu sentir as coisas de forma tão dilatada. Sinto por sentir tanto. Sinto por me arrepender e permanecer firme.Sinto por nada mudar para melhor. Sinto pelas noites em claro e pelos vidros de remédio que acabei. Sinto pelas roupas que nunca usei e os livros que não li. Porém sinto ainda mais por ter me entrego tanto e tão pouco que não foi o suficiente para te fazer entregar-se violentamente e apaixonadamente. Sinto por não amar. Nem a você e nem a mim. Sinto por você também não fazê-lo. Perdoe-me principalmente pelas palavras não ditas e por não me fazer compreender quando mais precisei ser compreendida. Lamento não ter que cativado a ponto de te deixar atento a cada pequeno gemido de dor que dei.(mas principalmente pelos que darei a partir de agora). A noite vai acabando ( e eu poderia ter usado uma palavra bem mais bonita, mas usei acabando mesmo) e com ela a minha coragem. Vem chegando a fome, mas nunca o sono. Ele parece demasiadamente leve para acolher alma tão atormentada. Portanto, para não cansar o leitor de tais linhas, o que duvido muito que aconteça, já que duvido muito que alguém venha a ler isso, vou finalizando esse desabafo em forma de postagem ou vice-e-versa. Não me importa. Só me importa ao amanhecer ter a cabeça, mas principalmente o coração e a garganta mais leves, já que hoje mal consigo respirar ou amar. Ah, e espero de todo o coração que ninguém sinta a agonia do abandono que tanto me aflige nessa madrugada.

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